terça-feira, 14 de julho de 2009

PAIGC o nosso IN e a minha visão da Guerra

Caros camaradas

Hoje gostaria de falar do PAIGC os nossos IN na altura que todos ouvimos falar,todos os combatemos uns mais outros menos mas poucos os viram. Sentimos muitas vezes a sua presença, as suas acções os seus efeitos mas a sua presença física raras vezes a presenciámos.

Ouvimos falar de Amilcar Cabral, Nino Vieira e tantos outros mas ninguem nos soube explicar quem eram essas personagens. Nessa época eram vistos como TERRORISTAS e figuras a abater eram os ( BIN LANDENS ) do nosso tempo.
O IN era um exército melhor armado que nós, conhecedor do terreno, moralizado e bem enquadrado o que nos deu água pela barba para os poder conter. Durante todo o tempo da contenda o IN modernizou-se, cresceu e criou estruturas e desenvolveu a sua política no terreno.
Nós julgámos por ter o poder aéreo eramos superiores. Engano o nosso, apesar dos Hélios dos Fiates e do Napalm o IN adquiriu armamento moderno e a nossa superioridade acabou.




Nunca os nossos Governantes entenderam a filosofia da Guerra, não nos modernizámos continuámos sempre com a velhinha G3, Mort. 60 Metr. lig. HK 21 esta sim um pouco mais moderna e pásme-se uma Basuca que não nos servia para nada a não ser para nos atrapalhar na mata. Cedo vimos a inutilidade do nosso arsenal em comparação com o nosso opositor que utilizá-va RPG 2 e AK47 "Kalash vulgo ( costureirinha) , morteiro creio que era de calibragem superior ao nosso e sempre bem municiados.
Depressa aprendemos e a meu ver a única arma que equilibrava no mato e que tinha-mos ao nosso dispor era o DILAGRAMA. Arma poderosa e perigosa mas quando bem utilizada era devastadora e o IN sabia-o. Tinha na minha Companhia camaradas meus soldados que eram verdadeiros artistas no seu manuseamento lembro-me do Corvo do 1.ºGrupo de combate e do Albino o ( Pescador) do 3.º Grupo entre outros que a memória agora me falha.
O PAIGC fazia uma guerra de guerrilha. Implantáva MINAS nos nossos itenerários, embuscávam-nos as colunas os nossos patrulhamentos e atacava as nossas instalações que na maioria eram deficientes Palhotas e Buracos na mata a que chamávamos aquartelamento. A nossa superioridade só se fazia sentir quando os apanhávamos em embuscadas, Op. planeadas e no nosso material bélico pesado no poder aéreo e nas tropas Especiais FUZILEIROS, PARAS e COMANDOS nomeadamente a Comp. Comandos Africanos e Dest. Fuz. Africanos ouve outros agrupamentos como Pel. de Nativos e algumas milicias que fizeram a diferença.



A meu ver foi uma Guerra que não teve vencedores nem vencidos mas sim uma cedência duma das partes beligerantes. È certo que poderia ter sido resolvida pela via DIPLOMÁTICA mas os nossos Governantes da altura não o quiseram.

Com essa atitude talvez quem sabe poderiam ter poupado muitos camaradas nossos que por lá ficaram e o Destino da Guiné se calhar era outro do que agora nós tristemente constatamos.
Houve heróis de ambos os lados, militares que se destacaram alguns bem galardoados outros nem tanto como tudo na vida é preciso sorte e estar na altura certa e no local indicado para outros é precisamente o inverso estar no sitio errado e há hora errada.




Gostaria se me permitirem saudar os combatentes que de ambos os lados tombaram, ficaram feridos e aleijados de diversa maneira não esquecendo os nossos camaradas com stress traumático que ficaram com mazelas para todo o sempre.


A minha sentida homenagem para todos.


Até breve
Mário Pinto

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